Projeto desenvolvido em Itamonte, no Sul de Minas, quer fazer da criação de truta uma atividade lucrativa, mas também sustentável do ponto de vista ambiental. Incentivados pela Prefeitura, 29 dos mais de 50 criadores de peixe locais formaram uma associação para garantir a fonte de renda das famílias e preservar o córrego Dois Irmãos, que passa pelo município.
Com a ajuda da Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura, da ONG Valor Natural, de Belo Horizonte, e recursos da Petrobrás Ambiental, o grupo está aprendendo o manejo correto das trutas. A nova técnica impede, por exemplo, que grande volume de fezes e restos de ração dos criadouros sejam lançados nos cursos d’água, causando sua contaminação.
A criação de truta existe há 20 anos em Itamonte, mas se intensificou na última década. Atualmente, são produzidas cerca de 450 toneladas do peixe por ano no município, e quase a totalidade do produto é vendida a atravessadores que abastecem mercados do Rio de Janeiro.
O dilema é que a maioria dos tanques de peixes fica às margens de rios que estão em área de preservação, e a atividade polui mananciais. Além do problema com o lançamento de fezes de truta e restos de ração em rios e córregos, tanques mal projetados facilitam a fuga de peixes, que vão parar em mananciais. “Por ser um peixe exótico e carnívoro, não nativo da região, a truta pode causar desequilíbrio à vida nos rios. Ainda não há um estudo que comprove isso, mas o recomendável é não arriscar”, diz a secretária de Meio Ambiente de Itamonte, Isabel de Andrade Pinto.
Ela explica que, por meio da associação, os criadores estão gerando menos sobra de ração. Além disso, graças ao manejo correto, estão aprendendo que é possível devolver ao rio, em boas condições, 90% da água utilizada. “ E para os outros dez por cento, existe tratamento adequado”, assegura a secretária.
Isabel lembra que a atividade tem grande importância econômica, mas precisava ser revista, já que os rios também são fundamentais para o município. “Estamos numa área de preservação ambiental e somos fiscalizados por vários órgãos. Nossas famílias precisam de emprego e renda e o município, de divisas. Por isso, buscamos fazer da criação de truta uma atividade viável em todos os sentidos”, diz.
Segundo ela, a criação de truta exige uma pequena área de utilização e, por isso, é compatível com o potencial turístico do município, gerando até menos impacto ambiental que a pecuária leiteira. O projeto foi batizado de “Dois Irmãos”, em alusão ao fato de a maioria dos truticultores exercerem a atividade às margens do córrego Dois Irmãos. O curso d’água, porém, não está poluído, o que faz da iniciativa um trabalho de preservação.
O produtor de trutas e presidente da Associação de Truticultores das Terras Altas de Itamonte (Attai), José Carlos Moraes Mota, diz que o projeto beneficia, além da natureza, os produtores do peixe. “Hoje temos consciência de que o manejo adequado e o tratamento da água são garantias de que nosso negócio poderá ir adiante”.
Na microbacia do córrego Dois Irmãos foram instalados dez pontos de coleta de água. O objetivo do monitoramento é avaliar a qualidade da água e acompanhar possíveis alterações, enquanto o projeto, que começou no início do ano, é desenvolvido.
Para garantir o envolvimento da comunidade, até as crianças das 43 famílias que vivem no local participam do projeto. Alunos da Escola Campo Redondo ajudaram a confeccionar a maquete da microbacia e conheceram melhor o rio e sua importância para a vida nas imediações. “Assim o projeto extrapola a beira do rio e chega além do tanque do truticultor”, diz Isabel
domingo, 17 de outubro de 2010
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